No Brasil, a maioria das empreendedoras brasileiras (60%) são negras. Para Ana Fontes, líder da RME – Rede Mulher Empreendedora, o dado deve ser olhado sob a perspectiva do empreendedorismo de oportunidade x o empreendedorismo de necessidade. Com a falta de vagas ou bons salários, o empreendedorismo feminino ainda não é uma opção ou oportunidade para a maior parte das mulheres.
“Para a maioria de nós o empreender tem a ver com uma necessidade: ou fui demitida, ou preciso constituir ou melhorar a renda da família, ou necessito gerar uma renda para pagar minhas contas, e o empreendedorismo é o único caminho. Não é porque eu escolhi necessariamente. Boa parte das mulheres são empurradas a empreender”, disse Ana Fontes.
A fundadora e CEO da RME apresentou, ontem (28), os resultados da 7ª edição da Pesquisa Anual sobre Empreendedorismo Feminino, realizada pelo Instituto RME em parceria com o Instituto de Pesquisa Locomotiva e apoio da Meta/Facebook. A equipe do estudo conversou com mais de três mil mulheres.
De acordo com o levantamento, realizado há sete anos, 41% das empreendedoras não conseguem pagar as próprias contas com o dinheiro do negócio. Apenas 11% conseguem gerar recursos extras para poupar e 35% ganham o suficiente para pagar as contas da empresa.
“A pesquisa mostra um cenário difícil e desafios importantes na criação e implementação de políticas públicas de apoio às mulheres”, ressaltou Ana Fontes, que acrescentou: “temos cerca de 30 milhões de empreendedoras. É muita gente, é muita potência. A saída (para o desenvolvimento econômico) está nas mulheres”.
Condição social
A maior parte das empreendedoras têm entre 35 e 40 anos, são da classe C e têm companheiro. O estudo mostra ainda que 38% das mulheres empreendedoras vivem na periferia das cidades; 73% são mães, sendo que 66% têm filhos pequenos ou adolescentes; e apenas 28% têm ensino superior. A maioria tem ensino Médio e Fundamental.
Negócio
A maioria dos empreendimentos de mulheres foram abertos nos últimos cinco anos, sendo que 55% vendem produtos e 32% prestam serviços. Somente 50% dos negócios femininos são formalizados, sendo que 70% são MEI – Microempreendedora Individual e 37% já empreenderam antes.
Gestão
Um dado que apresentou melhora foi o controle do fluxo de caixa: 54% já utilizam planilhas no Excel, aplicativos ou outros meios para controlar as contas. Segundo a CEO da RME, na primeira edição da pesquisa, 24% não controlavam as suas contas e 20% mantinham o controle apenas em um caderno.
Divulgação e futuro
A pesquisa mostra ainda que 100% das mulheres empreendedoras promovem o negócio na internet e 7 em cada 10 mulheres acreditam que os seus negócios vão evoluir em 2023.
O Fórum continua até sexta-feira (30) com transmissão no YouTube da RME e cobertura no site do portal Varejo S.A.