A diminuição da renda dos trabalhadores de serviços, intensificada nos últimos meses, leva a dois movimentos que podem resultar no tardio arrefecimento da inflação do setor: de um lado, o pagamento de valores menores aos funcionários alivia os custos dos prestadores de serviços e, de outro, com menos renda disponível, o corte no orçamento das famílias deve abrandar também a pressão sobre os preços. Economistas ponderam, no entanto, que este movimento é uma condição necessária, mas não determinante para o arrefecimento dos preços em serviços e que o alívio da inflação do setor ainda levará tempo, com a convergência para o centro da meta podendo ocorrer apenas a partir de 2018.
Levantamento feito pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, com dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua revela que, desde 2013, a taxa de crescimento da renda média dos trabalhadores do setor desacelerou de maneira significativa até todos os cinco segmentos passarem a registrar quedas a partir do segundo semestre de 2015. No trimestre encerrado em outubro de 2013, as taxas de crescimento da renda dos diversos tipos de serviços estava acima da média geral – que considera ainda os ganhos de trabalhadores da construção civil, indústria, comércio e administração pública.
Já no mesmo período de 2015, os cinco segmentos de serviços que compõem a pesquisa não só registraram queda na renda real, como a magnitude da retração foi mais intensa que a média geral. O impacto desses efeitos sobre a inflação não é desprezível, uma vez que a folha de pagamento representa, em média, 30% dos custos de um negócio e os serviços respondem por 40% do emprego formal no País, segundo especialistas que acompanham o setor. (g1)